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sábado, 20 de outubro de 2012

Muitos movimentos da Maré

Adriana estava num dia especial. Ontem 19 de outubro, era seu aniversário. No meio da tarde, Cláudia Müller grita pelo seu nome, em gente ao número 41 da Rua santa Rita, na comunidade de Nova Holanda, na Maré. Rita desceu com o marido e recebeu a entrega ali na rua, Assim, os vizinhos também veriam, raciocinou. Ao fim, disse:
“Parabéns pelo despojamento, você é uma artista”.
O veredito de um dos 135 mil habitantes das 17 comunidades da Maré sinaliza a potência do gesto da artista, que, em mais uma etapa do projeto dança Contemporânea Contemporânea em Domicílio, circulou por vários pontos da comunidade fazendo suas entregas.
Na primeira delas, a cozinheira Michelle Oliveira 34 anos, parou suas tarefas na Lona Cultural para assistir ao trabalho, entregue ali, em frente ao prédio.
“Você trabalha numa cozinha e aí vem alguém dar algo assim pra você, é muito legal”, disse Michelle, toda feliz.
Michelle, Adriana e outros tantos recebiam suas danças com certo ar de incredulidade. Afinal, seus espaços de trabalho, sua rua e casa, viraram palco, sala de apresentações, ambiente de produção de arte.
Sobre formas de produção e de circulação girou a conversa com os alunos do Coletivo de Dança da Escola Livre de Dança do Centro de Artes da Maré Núcleo 2. Parte da turma já tinha assistido ao vídeo Fora de Campo e, na sexta, recebeu uma dança. Os sentidos de dança, os espaços possíveis para fazer arte, as condições e as estruturas de produção e circulação de dança contemporânea no Brasil ou fora dele foram tocados na roda de conversa, que teve a presença da coreógrafa Lia Rodrigues, cuja sede de suam companhia é na Maré.
Novo caminho, então, na imbricada malha de ruas e Vielas da Maré. Chegando ao departamento financeiro do Redes de Desenvolvimento da Maré, a acolhida teve esse sentido:
“Altera a rotina, com um texto contestador”, disse, entre outras coisas, Cazé, que recebeu a entrega dos alunos do Centro de Artes.
Na Maré foi um pouco assim, tocante e mobilizador. E esse é só um fragmento do que rolou por lá.

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