Dia cheio, dia de muitas alegrias
e certezas ontem, na Pavuna.
Alegria: chegar a um salão de
beleza pequenininho, conversar com Maria Alves, 53 anos, ou Zilma, que é seu
nome artístico, e ver a mudança do rosto dela na saída.
“É muito bom quando chega alguém
assim e entrega uma dança pra você. Aconteceu uma coisa estranha: à medida que
ela ia dançando, foi tirando o estresse do meu corpo. Foi como se o movimento
dela me aliviasse.”
Segue a caravana do Dança
Contemporânea em Domicílio, agora com parada na Escola Municipal Telêmaco
Gonçalves Maia. Quem recebe é o diretor, Marcos de Oliveira fraga, 46 anos, que
aplaude o presente.
“Em nosso país, o artista é pouco
reconhecido. Por isso, esse é um trabalho legal. E surpreendente também. A
Arena (Cultural Jovelina Pérola negra) faz um trabalho show de bola. Há uma
necessidade de as pessoas buscarem cultura”, avaliou o professor, que é vizinho
da atuante Arena Cultural Jovelina Pérola Negra.
Entrega versus entrega, eis-nos
na sede do grupo William do Gás. Antes da dança, descobrimos a ação ecológica
do empresário, que coleta óleo de cozinha para reciclagem. Na hora da dança,
ele chama seus funcionários. Plateia de seis pessoas. Olhos marejados no corpo
daqueles trabalhadores braçais. Edilson Wancok, 39, é um deles, vivendo momento
inaugural na vida:
“É primeira vez que vejo uma
apresentação tão próxima de mim. Para fazer isso tem que ter força de vontade, não?!”
Emocionado, William de Abreu, 47,
também é dos que acredita que a região é carente de arte e que, de alguma
forma, a Arena Cultural ajuda a reduzir essa carência.
“É um privilégio ter a Arena por perto.
E uma apresentação dessa pega a gente de surpresa, sou fã desse diferencial.”
Meio dia e pouco, o tempero do
restaurante Bacalhau de Tamanco ganhou tempero extra. Foi ali, entre mesas e
clientes servidos de generosos pratos de arroz, feijão, farofa, peixe frito e
outras delícias, que Cláudia Müller entregou dança para a empresária Fátima
Souza.
Na avaliação do acepipe cultural,
Fátima foi só elogios:
“Tudo que é cultura, que é levado
para a população, é bem vindo. É uma emoção, uma energia boa que dá. Depois
dessa apresentação fiquei melhor. E meus clientes aplaudiram também.”
Na casa de Zuila Goulart Amoreti,
professora aposentada de 66 anos, entrega foi no quintal. Silenciosa, ela acompanhou
tudo com atenção, elogiando o projeto no fim. O mesmo aconteceu na Escola
Wilton Garcia. Depois de duvidar do que estava acontecendo e verificar a
veracidade da entrega, a diretora Claudia Gonçalves Rezende assistiu à
apresentação na área coletiva da escola, junto com um aluno que estava de
castigo. No fim ela, comentou:
“Achei muito interessante, um
desabafo do artista quanto ao patrocínio e produção. As pessoas não vêm o lado
da arte, só o dinheiro.”
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