A ideia do corpo que
dialoga com o ambiente, responde a ele e faz desse entorno o material de
elaborações de sua própria dança, emerge nas diversas situações experimentadas
durante as entregas do Dança Contemporânea em Domicílio.
Também a questão da linguagem, que só se efetiva a partir do olhar do outro, quando, enfim, o diálogo se circunstancia. São fragmentos de percepções para aquilo que se tem experimentado ao tocar a campainha de casas e apartamentos, ao se chegar a lojas ou restaurantes, ao adentar a uma das tantas escolas públicas municipais do Rio com suas grades, cadeados e segurança reforçada.
Nas entregas de sexta-feira, surpresa total para a professora de yoga Erica Humper, em Laranjeiras. Erica destacou a espontaneidade da performance, além da construção de um olhar específico para a arte e a dança. E, ainda especialmente, o caráter questionador da obra em relação às frágeis condições para se produzir arte no Brasil:
“Tem que defender isso mesmo, pois, nesse país, é complicada a situação de quem trabalha com arte.”
Nesse trânsito e, em trânsito, segue a dança para a Glória, numa entrega a integrante da Projetéis – Cooperativa Carioca de Produção Cultural. A apresentação foi um momento inaugural para o caseiro Alexander Nascimento, 35.
“Nunca tinha assistido a alguma coisa assim. É algo maravilhoso, que mostra a capacidade do ser humano.”
A produtora Talita Caetano, 26, destacou o caráter de acessibilidade à dança contemporânea proporcionado pelo projeto.
“É completamente diferente essa possibilidade de se ter isso em casa. A acessibilidade é tal, que não há nada parecido. Ir à Pavuna, Bangu e tantos outros espaços é especial.”
Na casa da atriz e diretora Juliana Tolentino, mais identificações, mais encontros estéticos.
“É bom receber sensibilidade em casa. Estou para sair e saio para a rua muito tocada. E essa questão da produção de arte, da circulação, é permanente e deve sempre ser tocada.”
Na casa da atriz e produtora Rejane Zilles, que estava acompanhada da psicanalista Juliana Torres, a entrega gerou conversas animadas, debates.
“A ideia é genial, me tocou profundamente esse discurso sobre a arte, que sempre foi e será um lampejo, uma centelha, um disparador de muitas outras questões”, disse Juliana.
Para Rejane, a ação artística do Dança Contemporânea em Domicílio é mobilizadora:
“Como artista, o trabalho me tocou muito, deu um arrepio, é muito corajoso. Além disso, o formato é muito importante, pois aciona essa questão da democratização da dança, que tem mais dificuldade de chegar ao espectador do que o cinema ou o teatro, por exemplo. E o projeto é importante para mostrar o que é dança contemporânea algumas de suas propostas.”
depoimentos incríveis. interessante como cada uma destas pessoas é tocada meeeesmo. bj
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