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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Imagens para novos vocabulários (2)

Diante de Dançarinas Subindo a Escada, do impressionista Degas, exposta no CCBB/Rio, a professora de séries iniciais conversa com a amiga: “esta foi a primeira imagem que veio no Google... eu estava procurando imagens para a aula sobre dança”. Aí ela argumentou, ainda com a amiga, que, afinal, a ideia de bailarina é sempre o que surge na cabeça dos pequenos quando se fala de dança.  Poder assim, pode ser assado.
Interpelei a menina, numa conversa rápida, falando que ela poderia usar aquela e outras imagens, acrescendo a palavra “contemporânea” à pesquisa no portal. Certamente a diversidade de imagens e possibilidades para conversa com seus alunos seria outra, mais instigante e, na opinião que não manifestei lá, mas faço aqui, muito mais rica.
Aí volto para a entrega de dança feita para crianças de uma aula de teatro na Arena Cultural da Pavuna, semana passada. Muitas daquelas crianças nunca tinham assistido a um trabalho de dança. De qualquer tipo. Daí a potência desse encontro com uma das formas de se dançar na contemporaneidade.
Assim que a entrega terminou, as perguntas se sucederam:
“Ô, tia, só você dança isso?”
“Tia, foi você que criou os passos?”
“Tia, quando você vai aos lugares, é só no Rio de Janeiro?”
“Tia, você só faz dança ou também faz teatro?”
“Tia eu faço balé, mas ainda não dancei com sapatilha de ponta.”
Todas as perguntas apontam para questões relevantes e fundamentais na formação de público, na educação do gosto, na dinamização dos repertórios, com vetores que enriquecem a produção contemporânea hoje. As respostas são pontuais, devidamente circunstanciadas. Mas a experiência e a conversa destas crianças com um bailarino que os visitou, o olhar para algo novo em seu imaginário, e, principalmente, a possibilidade de perguntar são, dados pra lá de significativos dessa empreitada do Dança Contemporânea em Domicílio.

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