Inês Corrêa é pesquisadora e fotojornalista, mestranda em
Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo. Foi fotógrafa colaboradora da
Folha de S Paulo e Folha da Tarde e produtora executiva do programa sobre
desenvolvimento sustentável Espaço do Litoral, TV Cultura - Litoral. É repórter
fotográfica da agência P.A.P.A – Participating Artists Press Agency, sediada em
Amsterdã - Holanda, coordenada por Lino Hellings, socióloga. Começou a
fotografar teatro e dança no Teatro Coletivo, antigo Teatro Fábrica e realiza
trabalhos profissionais para Cia. Taanteatro; Keyzetta e Cia.; Ângelo Madureira
e Ana Catarina Vieira Cia. de Dança, Cia. Borelli de Dança, Cia. Flutuante,
Grupo Gestus, Cristian Duarte, Emilie Sugai, Júlia Rocha, Gícia Amorim, Eduardo
Fukushima, Diogo Granato, Raul Rachou e Helena Bastos entre outros. Também é Membro
do CED - Centro de Estudos em Dança (PUC/SP). Neste domingo, Inês chega se
junta ao Projeto Dança Contemporânea em Domicílio para registros das entregas
que estão sendo feitas por 15 bairros cariocas. Aqui, um papo com a
profissional sobre as nuances de seu trabalho, que tem focado a dança com
significativa propriedade.
- Qual a
especificidade da fotografia de dança, o que ela exige do profissional?
A fotografia de
dança, como a fotografia de qualquer coisa – gastronomia, turismo, natureza,
política, guerra –, tem sim sua especificidade, Carlinhos. Vou começar a
responder sua pergunta refletindo primeiro sobre como buscar esta
especificidade. Penso que para encontrá-la o que é exigido de um profissional
antes de qualquer coisa, é envolvimento, ou seja, o fotógrafo fotografa aquilo
que afeta sua percepção. Mas como se envolver sem se apaixonar para um contato
mais próximo, mais íntimo? Porque escolheria a dança para meu fazer fotográfico
se gostasse mais de futebol ou de guerra? Esta escolha do fazer o que se gosta
pode ajudar, e muito, no encontro das especificidades desta fotografia, desta
escrita da luz do movimento. Para que aconteça um encontro mútuo:
fotografia-dança, dança-fotografia. Um querer se encontrar. Escolher a dança
para criar uma imagem é se deparar com o corpo em movimento contínuo no
espaçotempo.
- Na tua proposta
em especial, o que interessa na hora de fazer uma foto/ensaio?
Existem muitas
pesquisas diferentes acontecendo na dança. Um universo que vem em direção da
fotografia. Como sou jornalista, como você Carlinhos, imagino que o que me
interessa é a diversidade dela, da dança. Sou curiosa, quero conhecer, muitas,
se puder todas as propostas que acontecem em dança hoje. Na hora da foto o
interesse pode mudar. Dependendo do que tenho para fotografar. Não consigo
pensar num único olhar fotográfico para propostas tão distintas. Perceber as
diferentes propostas e “traduzi-las” em imagem fotográfica depende de muitas
escolhas que acontecem na hora da foto. Não há um manual de instrução, há um
querer ver aquele objeto em memória, querer criar uma memória da dança
utilizando-se da fotografia.
- Por que a dança
te atrai profissionalmente?
Sempre digo,
Carlinhos, que a dança mudou meu olhar, meu fazer fotográfico. Olhar a dança e
torná-la imagem fotográfica é algo que me inquieta. Ao fotografar começo pela
luz, afinal, fotografia quer dizer grafia da luz. Depois a dança me capta pelo
movimento do corpo e, consequentemente o tempo fotográfico deste corpo. Olhar a
dança hoje, estas danças que acontecem atualmente, para mim, é ter contato com
o tempo de agora para guardar a memória deste tempo, deste corpo que se expõe
em dança, em movimento. É fazer deste fato um acontecimento.
- O que te mobiliza
em especial nesse projeto Dança Contemporânea em Domicílio?
Fotografo dança
somente desde 2007 e, quando a Cláudia Müller entrou em contato comigo e propôs
que eu fotografasse o Dança Contemporânea em Domicílio foi uma honra
porque o trabalho que ela sugere é inusitado. Por outro lado, ficou muito claro
para mim o que falei logo acima, sobre o gostar do que se faz e quanto isso nos
leva ao encontro, neste caso dança-fotografia, proporcionado pela Cláudia ao me
escolher para fotografar seu projeto e fotografia-dança, que será a forma como
vou expressar em imagem o Dança Contemporânea em Domicílio.
- Como você
acompanha a cena da dança brasileira, o que pensa sobre ela?
Bom, Carlinhos, não
vejo uma cena da dança brasileira. Vejo muitas cenas. E é isso que me faz
querer mais e mais fotografar dança. Porém não sou a pessoa mais indicada para
falar sobre dança. Existem profissionais especializados. Mas posso falar sobre
a fotografia de dança que pode tornar visível esta cena ou aquela, fazer uma cena
sair de um domicílio e entrar em outro em forma de imagem, deslocar o palco
para o papel, para a internet.
- Você está com um projeto específico? Qual?
Estou preparando
uma dissertação de mestrado na PUC-SP e meu objeto de estudo é a fotografia de
dança e como ela pode contribuir para uma reflexão sobre o papel da fotografia
jornalística com recorte no jornalismo cultural. Ou seja, neste projeto a ideia
é propor uma reformulação dos critérios de publicação das fotografias
jornalísticas no campo do jornalismo cultural.
Para acompanhar
outros trabalhos de Inês Corrêa, seguem dois links bacanas, do site e do blog
que ela mantém:
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